Páginas

12 de fev. de 2013

Friendzone: Uma tragédia social?


Já começo respondendo a pergunta do título: Não!

Bem-me-quer/Mal-me-quer... Nem um nem outro, pra ser mais exato...

INTRODUÇÃO (I):


Não é novidade para ninguém que vivemos numa sociedade em que o relacionamento amoroso tradicional tenta, sem muito sucesso, se manter hegemônico. Seus elementos são curiosamente simples: Pai, mãe e filhos (as), sendo que os últimos estão fadados a se tornar o primeiro ou o segundo, conforme o sexo, o qual deve ser imutável, não variando em genética, gênero e orientação.

Ou seja, se nasceu com cromossomos XY, está determinado que (1) será um homem pelo resto da vida e (2) se interessará sexualmente por mulheres pelo resto da vida. Do outro lado da moeda temos as pessoas que nascem com duplo cromossomo X, as quais (1') serão mulheres pelo resto da vida e (2') se interessarão por homens pelo resto da vida... De preferência um só.

Tão velha quanto a própria humanidade é o hábito de separar internamente os seres por suas características. Os métodos mais antigos são a divisão por cor da pele, aparência física e sexo, justamente por sua facilidade em serem percebidos visualmente. Cada um desses métodos é independente e, consequentemente, cumulativos, sendo possível que alguém seja caracterizado com base em todos eles. A sociedade ocidental, fortemente influenciada pelas culturas grega e romana, nunca chegou a ter um sistema de castas propriamente dito, mas em alguns momentos chegou perto.

No que diz respeito a sexo e sexualidade, pouca coisa se alterou no decorrer dos séculos milênios.

18 de jul. de 2012

Fazer da não-crença uma causa?


(O título era pra ser "Fazer das tripas coração?")

Desenvolvi minha posição ateísta ao longo de vários anos. Comecei com 14, quando tomei conhecimento de algumas ideias científicas: Evolução e Abiogênese. Segundo a primeira, um ser vivo pode se tornar mais complexo com o passar do tempo, em razão de modificações que ocorrem em seu organismo e o tornam mas adaptado para sobreviver em um ambiente, facilitando a perpetuação da espécie. A abiogênese, idealizada por Oparin e aperfeiçoada por Miller, afirma que, sob determinadas condições ambientais, moléculas inorgânicas podem se organizar em moléculas orgânicas, dando origem a aminoácidos, proteínas, enfim... em algum momento dessa história vai surgir um ser capaz de realizar metabolismo e se reproduzir.

Antes desse ponto havia o Tiago, uma criança que gostava de estudar um pouco mais que a maioria, um católico que julgava ter uma fé firme e estruturada dentro do deísmo. O pai dele havia estudado em colégio de religiosos e frequentara um seminário, mas não chegou a ser ordenado padre ou algo do tipo, se formou em letras e leciona até a presente data. A mãe mal terminou o ensino fundamental, não terminou o ensino médio, é uma dona de casa como foram todas as suas ancestrais conhecidas. Ambos católicos, mas um tanto quanto liberais, para a sorte do garoto.

Tiago não nasceu católico, mas era filho de católicos, e como é socialmente convencionado, fizeram com que ele também adentrasse a esfera religiosa, ainda que não pudesse expressar sua vontade. É difícil dizer que existe em algum lugar deste mundo uma criança religiosa de fato, a maioria só imita os parentes mais próximos.  Com Tiago não foi diferente, ele só ia á igreja porque era levado pra lá, só aprendia as orações pra acompanhar o que os outros diziam, não comia carne na Sexta-Feira Santa porque não devia, não falava a palavra "Deus" em vão porque era pecado. Ele não achava que era errado, mas não seguia essas regras por receio de ser repreendido caso as descumprisse. Tiago foi doutrinado, um dos piores horrores que pode acontecer com uma criança, pois teve ideias implantadas em sua cabeça e aprendeu a não contrariar nenhuma delas.

Mas Tiago foi crescendo e, em algum momento, começou a ter suas próprias ideias, que podiam ou não entrar em conflito com as que tinha até então.

A primeira foi por volta dos 7-8 anos. Como católico, Tiago aprendeu a chamar o deus que seguia de Pai, mas sentia certo incômodo com isso. Não lhe agradava muito a ideia de que Deus fosse um homem, pois nada impedia que fosse mulher. Michelangelo foi bastante desonesto quando pintou a Capela Sistina: não bastasse Deus ser homem ele ainda tinha um rosto (que foi baseado no rosto do próprio pintor e do grego Zeus). Como ficou um trabalho bonito, não vamos condená-lo tanto quanto poderíamos. Para Tiago, Deus não era mais homem, era apenas um humano, uma inteligência etérea, dotada de personalidade humana. 

Desde os primeiros contatos com a teoria de Darwin, a hipótese de um mundo iniciado com um homem (Adão) e uma mulher (Eva) já haviam sido descartadas, não havia o menor sentido nelas, de qualquer modo. Acho que nesse momento as ideias do Tiago estavam mais ou menos próximas do que se conhece hoje por Design Inteligente: A evolução não poderia ter acontecido sem regras, sem um controle, sem um projeto. Havia algo maior por trás disso, tinha que haver. Deus já não era mais tão humano quanto acreditava ser.

O parágrafo acima é especial, principalmente o final dele. O ser humano está biologicamente preparado para  buscar padrões lógicos, encontrar um modelo fixo a partir dos métodos indutivos e dedutivos. É engraçado pensar que o raciocínio lógico dos humanos nada mais é que um desenvolvimento natural do instinto, uma vez que instinto e lógica são vistos quase como antagonistas no que diz respeito ao comportamento humano. Tiago era incapaz de aceitar que o universo existisse por si só, sem a interferência de uma divindade, provavelmente por esse motivo.

7 de jul. de 2012

Entre a cruz e a espada (e a balança)


A atual Constituição Federal do Brasil possui o seguinte dispositivo:

"Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:

I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus representantes relações de dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de interesse público"
Um pouco antes, no Preâmbulo...

"Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembléia Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL."

Qual a razão de se ter um "Deus" ali no meio? Nenhum dos legisladores percebeu que talvez tivesse uma contradição? Ou, sendo menos otimista, acharam que seria uma boa ideia, cultural e socialmente falando? Vai saber...

Religião não interfere no Estado e Estado não interfere na religião, é mais ou menos assim

Em termos bem simples, o artigo citado (bastante auto-explicativo) indica o chamado Princípio da Laicidade, segundo o qual o Poder Público não pode manter relações de dependência e/ou intimidade com credos religiosos...

 Belas palavras, nenhum efeito:

AMÉM, IRMÃO?

15 de abr. de 2012

A Lei, a Ordem, o Órgão

Se você não passou os últimos dias em coma profundo, já sabe que é permitido que uma mulher grávida de um feto comprovadamente anencéfalo interrompa a gestação antecipando o parto. Antes vamos a algumas informações básicas sobre a anencefalia:

Imagem impressa no jornal Correio Brazilianse (clique aqui para ver a imagem expandida)
Quem decidiu que interromper a gestação é permitido foram os 10 Ministros do Supremo Tribunal Federal que votaram, deixando o placar em 8x2. O Ministro Dias Toffoli já havia se declarado favorável à decisão quando ainda era Advogado-Geral da União, o que cria um impedimento legal para seu voto.

O Código Penal Brasileiro protege o filho que ainda não nasceu ao proibir o aborto, ou seja matar e retirar o feto do útero antes do parto. É um crime doloso contra vida humana e portanto quem é acusado de cometer esse crime, tal como tipificado no Código, responde a processo perante júri popular, exceto quando a gestação decorre de um estupro ou quando a condição de saúde da gestante é tão crítica que manter a gravidez resultará em sua morte. Em ambos os casos é necessário o consentimento da mulher, exceto quando esta é incapaz. As duas formas de permissão sofrem muitas críticas, mas isso é algo que está fora do tema  do texto.

A Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental 54 (ADPF 54) alegava que o feto com anencefalia poderia ter sua gestação interrompida sob a justificativa que ele não estaria "vivo". Para fins científicos, considera-se que um ser vem a óbito quando ocorre a morte cerebral, ainda que outros órgãos, como o coração, sigam em funcionamento. Tal definição é usada para a permissão do transplante de órgãos. Segundo essa lógica não haveria que se falar em aborto, pois o feto jamais esteve vivo. 

13 de abr. de 2012

A ficha que não cai e o orgulho de ser idiota

No domingo mais recente chegou a data em que se comemora a páscoa, quando acredita-se que os judeus teriam deixado o Egito de modo um tanto obscuro e coincide com a data em que o corpo de um judeu chamado Jesus teria voltado à vida três dias após sua morte. Por trás disso existe a simbólica comparação com o surgimento de uma nova esperança após uma tragédia insuperável.

Aparentemente, isso se resumiria a uma comemoração por parte daqueles que partilham dessa crença... mas só aparentemente...
Por razões comerciais, o coelho perdeu sua importância e o ovo passou a ser de chocolate


Tanto o coelho quanto o ovo são considerados, mesmo pela cristandade, elementos da páscoa por simbolizarem "vida nova", seja lá o que isso signifique na prática. O ovo é um animal que vai nascer (talvez um ornitorrinco) e o coelho é um mamífero que se reproduz rapidamente (o Rato-do-Pacífico seria mais adequado, mas enfim...). O ovo virou o astro da vez, aparecendo nos supermercados antes até do início da quaresma. Durante os 40 dias entre a quarta-feira de cinzas e a páscoa recomenda-se aos cristãos que jejuem, evitando fazer alguma coisa que gostam de fazer, mas que não "devem". Muitos param com a bebida alcoólica, param de frequentar lugares determinados, etc. Uma das práticas mais comuns é a de não comer carne, que também tem razões simbólicas, mas estas não vem ao caso.

O animal incompreendido, nesta ocasião, é o peixe.
Oi, eu sou a Dory... e eu acho que nunca comi um peixe


Se existe alguma restrição ao consumo de carne peixe nessa época eu nunca ouvi falar, mas o costume é comer. Ainda assim, o alvo do texto também não é dizer se isso é coerente ou não com a tradição religiosa.

O problema é responder à pergunta: Que diabos o resto do mundo tem a ver com isso?

Peixes são amigos, não comida

2 de jan. de 2012

Uma lágrima por Platão


Às vezes eu me pergunto se Platão tinha ideia do tamanho da própria genialidade. Provavelmente não, mas isso não importa. Ruim mesmo é a quantidade de pessoas que acabaram por distorcer aquela que pode ter sido sua ideia mais célebre justamente por julgar serem seus profundos conhecedores. Platão jamais teria a dimensão de o quanto isso foi e ainda é ruim para o desenvolvimento do pensamento filosófico como um todo. Melhor para ele, que sem dúvida ficaria muito desapontado com o que vem ocorrendo. Por isso ofereço a ele uma lágrima, a lágrima que ele nunca derramará.


A ideia deturpada em questão é a Metáfora da Caverna


 Há luz no fim do túnel? Talvez sim, talvez não... pergunte ao gato do Schrödinger. 
O mito trata da ilusão, da falsa ralidade a que o ser humano está conectado e na dificuldade de sair dela... fácil de escrever, difícil de entender...

1 de jan. de 2012

O vlog que nunca terei



Entre ter um blog ou um vlog... sério, eu prefiro o blog, seja pra escrever ou acompanhar.

Pensei durante algum tempo se não seria melhor fazer esse post em formato de vídeo só por diversão. Mas ficaria ruim por dois motivos: não sou bom para aparecer em imagens gravadas (estáticas ou em movimento) e prefiro escrever, pois me dá mais tempo pra pensar e corrigir palavras. Com a quantidade de frases que eu costumo corrigir, o vídeo só ficaria pronto após o Armagedom maia.

... (pausa)

A internet sofreu e ainda sofre mudanças drásticas desde o surgimento da WEB 2.0, que visa se estabelecer por meio da consciência coletiva formada pelos internautas, permitindo que eles (nós) influenciem, criem e modifiquem seu conteúdo, em vez de deixar essa tarefa aos grandes programadores que fizeram com que ela começasse a engatinhar (WEB 1.0). Um dos efeitos mais importantes dessa mudança foi a chamada aceitação do beta perpétuo, ou seja: na internet, nada é definitivo e tudo pode ser alterado. Outro efeito foi o ideal de reaproveitamento, que redefiniu o conceito de propriedade virtual, permitindo e até incentivando que o conteúdo acrescentado por alguém possa ser reaproveitado por outro alguém, intensificando ainda mais o dinamismo insano de informações. Algumas características da WEB 2.0 se tornaram tão intensas e interligadas que não há como deixá-las de fora do assunto quando este é uma pessoa fazendo um monólogo em vídeo para colocar nas internetz. São essas características o jornalismo crítico, o marketing e a imagem.

28 de dez. de 2011

Sofia Over - Flamboyant


FLAMBOYANT - PET SHOP BOYS

Um videoclipe engraçadinho para uma melodia divertida e uma letra que diz muito mais que meras palavras. Há uma sabedoria oculta atrás dos versos de "Flamboyant". O título teria um significado parecido com extravagante, exagerado, brilhante ou flamejante. 
Delonix regia - Flamboyant

25 de dez. de 2011

Jesus, o maior filho

Comemora-se hoje, 25 de Dezembro, o nascimento de Jesus Cristo, que segundo a mitologia cristã é o filho legítimo do deus cristão, chamado Deus.

Sobre a data em si, já tratei no 1º post do blog, falemos agora sobre a concepção e o nascimento do messias.

AVISO: Este texto conterá partes que que à primeira vista podem parecer ofensivas, mas a partir de uma análise crítica, não o são. Se for ler, deixe a mente aberta.

FELIZ NATAL! (... ou não)




Conforme o calendário gregoriano (usado na maioria dos países atualmente), amanhã será o dia 25 do mês de Dezembro do ano 2011. Esse calendário foi elaborado em Roma, na Idade Antiga, e leva em consideração o nascimento da personalidade maior do cristianismo, Jesus Cristo.

Muito antes de o cristianismo ter importância relevante em qualquer lugar do mundo, outras religiões já tinham sua própria forma de marcar o tempo, dando ênfase às mudanças de estações, fases da lua, posição do sol, etc. Era imprescindível que uma sociedade, fosse ela grande ou pequena, precisava ter domínio sobre o meio-ambiente que habitava para que pudesse se desenvolver seguramente durante várias gerações. Entretanto, não é possível que um ser humano possa ter domínio sobre algo natural como a mudança das estações. Assim, o máximo que ele podia fazer era conhecer o modus operandi, a forma de funcionamento desses eventos, podendo prevê-lo e se preparar para eles com antecedência. É quase impossível imaginar como uma sociedade antiga conseguiria manter sua produção agrícola sem esse conhecimento.